sábado, 29 de dezembro de 2012

Parkour Hoje



Há muito que não digo nada, mas o mundo não parou. O mundo do Parkour parece ter mudado tanto que mal o reconheço, afirmo que me afastei por não gostar. Olho em meu redor e já não vejo caras conhecidas, os que começaram comigo pararam. Parece que falo de um funeral, mas para mim algo realmente morreu. Detesto ter um discurso de velho nostálgico, que afirma a superioridade dos velhos tempos, mas a velhice tem as suas razões. Já não existe comunidade de Parkour, já não há traceurs. No outro dia cruzei-me no facebook com um velho amigo, com quem partilhei treinos madrugadores, daqueles que nos faziam acordar às tantas da manhã para ir treinar no fresquinho da noite, para fugir a um dia abrasador de verão. Ele está gordo. A cara inchada, quase irreconhecível. Como é que isso aconteceu? Parou. E como ele, quase todos os do meu tempo. Eu próprio parei. Trabalho, responsabilidades etc. Tudo desculpas no final das contas feitas. Falta de tempo é sempre a primeira desculpa. Mas a verdade é que nós é que não arranjamos tempo para o que já não achamos importante. Dói-me dizê-lo. 
Parei porque tive uma lesão que me acordava de noite e me fazia fechar os olhos de dia de tanta dor. Não foi no Parkour. Mas forçou-me a uma paragem de uns quantos meses. Pensei não voltar a treinar mais, mas não consigo resistir. Os médicos nem sempre têm razão.
Mudei-me para Faro, voltei a estudar e tenho a sempre quente praia. Nem um mortal dou. hahah
Parkour será sempre Parkour.
Para breve - mais posts.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Être et Durer

When I saw my first Parkour vídeo I fell in love. That was what I was looking for. I started little by little, and as few do now, reading. At the time there weren’t many videos on the Internet as there are today. There was only one tutorial! Valts 101, if I’m not mistaken. We trained and improved by falling. There was nobody there to teach us. I started shooting videos so others would comment my technique and to give advice. I travelled all around the country, I met many wonderful people that offered me a roof over my head in exchange of company at their training sessions. There was a big union among all practitioners. We discussed, like children that thought that they knew better, the philosophy behind the art of movement. The conduct was something important and fundamental.

It was then that I came across one sentence: “Être et Durer”, for the ones that lack French skills, its translated “To Be and to Last”. This tell us that the objective of training Parkour is to be strong and to last. I think that both ideas are somewhat obsolete at this point. Only few train in the shadows, for themselves, to be strong and to last. Yes, because the goal is not to become famous on Youtube or on tv, it is to last. What really matters is not how far you can jump, or how dangerous your jump is, but how many times you can do it, how perfect your technique is and if you feel good doing it. The Art of Movement is to make you smile, not others. Every day I come across one of those youngsters that do Parkour only to show off, that with less time of training Parkour can do stuff that I don’t even dare doing. Is not due to jealousy, I don’t do them because I know that they’re not worth it. Many times these jumps hurt the body, in a slow and silence way. The complaints only come later, when nobody is there to applaud. They push and push and push, until it breaks. That’s why at every Parkour competition there’s somebody getting hurt. The philosophy of showing off is not compatible with the art of movement.

They want to rush things, without thinking about the consequences. They do really big and amazing jumps like an impossibly huge catleap, but they don’t have the strength to finish with a well done climb up. I think is atrocious.

Where is the way of doing things slow and with focus? Its only focus is on the commercial and easy money. You have to know what you’re doing. Where is that money when you have to be under the knife because all of those abuses, due to careless Parkour?

I think that show off is an irresponsible attitude, is to rush things that are not to be rushed. Is to want to learn a martial art and at the second session you bring a black belt. The bruses will only appear later... 

I think that that spirit is lost, and also think that it had to. But frankly I hopped there were more of us to last.

Être et Durer

Português:

Quando vi o meu primeiro vídeo de Parkour fiquei apaixonado. Era aquilo que eu procurava, há tanto tempo. Comecei como poucos agora o fazem, a ler. Na altura não havia a quantidade de vídeos na Internet que existem hoje. Tutoriais só havia um! O vaults 101, se bem me lembro. E treinávamos por tentativa e erro. Não havia ninguém a ensinar. Comecei a fazer vídeos para os outros comentarem na minha técnica e aconselharem, trocarem impressões. Viajei pelo país todo, conheci pessoas maravilhosas que me ofereceram um cantinho em troca de companhia nos seus treinos. Havia união entre todos os praticantes. Até discutíamos feitos parvos, furiosos, pela filosofia! Isso era paixão! A conduta era algo discutível e temido.

Foi então que me veio parar a frase: “ Être et Durer”, para os poucos entendidos em francês traduz-se em “Ser e Durar”. Traduz que o objectivo de treinar não é só para ser forte mas para durar. Acho que em ambas partes isto já se tornou obsoleto. Já poucos treinam nas sombras da ribalta, para treinar para si, ser forte e durar. Sim, que o objectivo final não é ficar famoso no youtube ou na televisão, é durar. O que realmente conta não é quão longe consegues saltar, ou quão perigoso é o teu salto, mas sim quantas vezes o consegues fazer, e se te sentes bem ao fazê-lo. Sim, que a Arte Do Movimento é para te fazer sorrir, a ti, não aos outros. Cada vez mais me cruzo com jovens que fazem Parkour para impressionar, que com bem menos de treino que eu fazem coisas que eu não me atrevo a fazer. Não se trata de ciúmes ou inveja, não o faço porque simplesmente sei que não vale a pena. Muitas vezes são saltos que prejudicam gravemente o corpo, mas como é lentamente, é silencioso, e isso é o pior. Só se queixam depois, quando já não tiverem ninguém para aplaudir. Puxam, puxam e tornam a puxar, levam até o corpo até ao limite, até que quebra. É por isso que em todas as competições de Parkour alguém se magoa. Já pensaram nisso? Que essa filosofia não é compatível com a arte?

Querem fazer as coisas à pressa, sem pés nem cabeça, sem pensar nas consequências. Fazem saltos sem terem o mínimo de força para aguentar. Vejo pessoal a fazer cats tão grandes e brutais que no final nem conseguem fazer bem uma planche. Acho atroz.

Aonde está o espírito de fazer as coisas devagar, lentamente e a pensar? Só se pensa na comercialização, no ganhar dinheiro fácil. Mas há que saber o que se anda a fazer. Onde estará esse dinheiro daqui a uns anos quando tiverem que ser operados ao corpo todo pelos abusos do Parkour mal calculado?

Acho o show off uma atitude irresponsável. É apressar uma coisa que não deve ser apressada. É querer aprender uma arte marcial e na segunda aula trazer o cinturão negro. As mazelas vêm depois… 

Acho que tudo descambou, e também acho que tinha que ser assim. Mas francamente esperava que fossemos mais.

Être et Durer

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Update

Desde já peço desculpa pela notória ausência. Desculpo-me com uma boa desculpa, tenho dedicado o meu tempo a treinar. Deixei-me de palavras e tornei-as em acção. Tenho feito maioritariamente treino de cardio e condição física. Tenho treinado bastante em formate de percurso, tentando manter um passo rápido entre os obstáculos, a evolução tem sido notória. Mas agora deparei-me com um novo problema - o frio. Para quem não sabe, em Bragança faz mesmo muito frio, gelado e este ao respirar gela literalmente a garganta. Fazer parkour com cachecol não faz sentido mas vou ter que pôr uma daquelas protecções para motards no pescoço, pois torna-se quase impossível respirar. Parece que se engoliu um gel de menta e a tosse é inevitável. O frio nesta altura torna-se um grande obstáculo, mas ainda é facilmente transponível. Quando começar a haver mesmo gelo no passeio e os muros permanentemente molhados, isso sim, vai ser guerra. 

Bem, deixo um grande abraço a quem ainda se atreve a ver se há novidades por aqui.


terça-feira, 11 de agosto de 2009

Sevilha

Para quem não sabe - Estou em Sevilha.

   Aqui voltei a treinar diáriamente, pelo menos correr. Os spots, aqui chamam-lhes de "sítios", são muito diferentes, mais simples na minha opinião,  pois são todos ao nivel do chão. A coragem aumenta e coisas bonitas surgem. Esta coragem é inimiga do tracer, pois de certo que quando estiver de volta à terrinha aonde os spots, apelidados por o credo, "ou fazes ou não fazes" vão-me meter algum receio. Aqui até correr dá gosto, a cidade é plana, mas faz demasiado calor, média de 40º... Mas pronto, suporta-se, com uma ventoinha perto da cama claro. Tenho treinado bastante, e até me encontrar de rastos. O meu corpo está a responder muito bem, mas confesso que na primeira semana foi tortura. Os tracers daqui parecem ser muito responsáveis, aquecimento -sempre. É bom ver que estão no bom caminho apesar de aparentemente não terem criatividade, isso ganha-se com a experiência. Resumidamente, gosto de Sevilha como spot, é preciso é correr muito antes de chegares ao próximo spot, mas vale a pena. Gracias ;-)

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Nostalgia

Ora viva,

Sei que desapareci à face da terra, pelo menos a nível de parkour pois o último video no youtube de parkour já data alguns meses. Na realidade continuo, não com o mesmo espirito, é verdade. Por falar em continuar, estava aqui a ver videos e fotos "antigas", do meu ínicio e da gente com quem partilhava um momento que na altura considerava "underground", uma cena à parte, não era radical nem nada do que é considerado agora. O Parkour era o que nunca mais vai voltar a ser. Quem treinava parkour naqueles tempos conhecia toda a gente que treinava parkour, eu mais que ninguém, porque fazia o esforço de conhecer, de partilhar aquele momento. Esse momento era o treino, o convivio, a criação de um laço estranho que te fazia aproximar de uma pessoa que conheceste pela internet e ali estava sorriente, pronta para dividir uma casa contigo e a comida do seu prato. Esse era um traceur. Agora toda a gente se separou, culpas as ideologias, mas para mim ninguém tira aquele momento. Considerei grandes amigos, quase irmãos, aqueles com quem dividi bons momentos. Agora treino sozinho. Do meu tempo pouco são os que ainda se aguentam de pé, e aqueles que eu vejo que ainda continuam na ribalta estão-se a cagar para o momento. Ganharam respeito e pronto, são uns agarrados. Julgo ser o único que inocentemente ainda se prende ao momento, que quer é ver gente a treinar como deve ser, a esforçar-se não para mostrar o seu lindo mortal, mas para ser forte e conseguir superar-se. Quem não acredita nas minhas palavras, talvez esteja contra estas. Eu quando comecei não foi o "être fort pour être utile" que me fez mexer, foi a diversão, o controlo magnifico do corpo, do movimento e do espaço envolvente. É isso que ainda me motiva, que me faz mexer. Eu acho que muitos daqueles que já cá estão há algum tempo essa motivação já desapareceu, e como não podia ser deixado vazio esse espaço, tomaram alguns motivos, por mim considerados, menos nobres. Agora eu pratico a máxima do parkour, mas não gosto do nome parkour. O nome trás demasiadas tretas por detrás, por isso adoptei a arte do movimento. Aonde a filosofia do parkour se mistura com a liberdade de cada um, sem te prender numa história de bombeiros. Bem, e cá estou eu a falar em filosofias e tretas. É tudo uma treta. Afinal de contas ninguém vai ler isto. Só queria era deitar tudo cá para fora. Vou começar a trabalhar e vou ter que forçosamente treinar menos, e assim deixarei por metade do meu objectivo cumprido. Não vou ver o pessoal unido. É-me tristemente visto como um episódio de uma má novela. Uns têm medo, outros arrogância, orgulho e parvoíce genuína. Talvez seja eu.

Bem, as fotos continuam aqui, os momentos não foram esquecidos.  

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Update

O que tenho vindo a fazer este tempo todo?
Bem, tenho-me afastado de tudo. Treinar, treinar, treinar. Deixar-me de tretas, de discursos e de confusões. Cumprir com o prometido. Regime de combate is still on!
Continuo com o mesmo peso, mas agora já quase não tenho gordura. Condição física resulta. Devo confessar que me falta agora confiança a nível técnico, por falta de prática nesta área, pois quando tenho um tempo livre ( que tem sido cada vez mais raro) serve para treinar condição física, não sendo apenas flexões e exercícios "parados" mas também correr. O meu cão tem-me feito companhia. Daqui a nada temos o primeiro cão-traceur em Portugal :-P, é ele que me puxa visto que agora voltei a treinar sozinho, em termos humanos. Enfrentei no inicio a dificuldade puxar por mim estando eu apenas sozinho, mas isso já foi ultrapassado e agora já consigo cair para o lado no final de cada treino se me concentrar. Tem sido bastante bom e agradável.
Bem, em breve terei mais novidades e talvez, mas só talvez um novo video.
Abraço e bons treinos

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Lesões


Venho falar aqui hoje de lesões. Como o Parkour/ Arte do movimento são duas disciplinas de uma exigência física fora de série é normal as lesões tomarem lugar na evolução de cada praticante.
Eu encontro-me a recuperar da minha primeira lesão. O cuidado e atenção nos meus treinos sempre foi uma lei, e a concentração com que predispunha em cada movimento evitou-me grandes quedas que poderiam ter consequências graves. Mas nunca é suficiente, e o risco é necessário, senão ficariamos todos em casa numa bolha actimel. Contudo em dois anos de treino nunca tive uma lesão que me impossibilitasse de treinar, apenas arranhões ou feridas que nada mais faziam que importunar o movimento, mas nunca restringi-lo. Não vou falar aqui da minha lesão ou como foi que aconteceu, pois acho que isso nada trará de bom ao vosso pensamento, mas sim como evitar lesões na prática desta disciplina. Ora aqui exponho algumas:

  • Antes de experimentar, verificar. - Antes de experimentares algum movimento novo, ou mesmo um que já tenhas efectuado, verifica o spot, o sítio que irás pisar, tocar e mesmo sobrevoar. Nunca se sabe o que lá poderá estar e em que estado está. Podes evitar assim escorregar, cair ou embater nalgo ponteagudo etc.
  • Aquecer, sempre! - Antes de qualquer movimento mais brusco, como flexões ou planches, que agora são considerados movimentos de aquecimento (está mal) aquece! Este movimentos exigem já que os teus músculos estejam bem aquecidos pois são exercícios exigentes. Roda tudo o que podes no teu corpo devagar antes de qualquer coisa. Aconselho a visitarem este site.
  • Demasiado cansado, no chão! - Quando te sentires extremamente cansado, faz exercícios a nível do chão, pois a energia pode surpreender-te e faltar-te e com graves consequências. No chão a probabilidade de te aleijares é reduzida.
  • Repete, repete, repete... - Antes de efectuares um movimento novo, repete vezes sem conta um parecido até te sair controlado e natural, um segredo para uma boa repetição é tentares de maneiras diferentes e veres como sai melhor, cuidado para não arriscar demasiado.
  • Treina para ti, não para os outros. - O exibicionismo, o tão conhecido show off, é um aspecto muito negativo num praticante pois leva-o a fazer coisas para o qual não está minimamente preparado, e assim o corpo também não está preparado.
  • Tomar banho de água fria. - Depois de um treino, se não tiveres banheira e gelo, toma de água fria. Ajuda na prevenção de aparecimento de lesões e deixa-te pronto para outra. Nada de começar com àgua morna ou quente....
Espero que tenha ajudado nalguma coisa, boa sorte e bons treinos.

BOM ANO!